Cheio de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Quero. Seja purificado!”( Marcos 1:41, NVI).
Sentindo a cálida luz do sol no rosto, achei que aquele sábado de primavera seria uma bem-vinda suspensão temporária do frio do inverno. Mas ele serviu apenas para zombar da minha melancolia. Sentia-me só, abraçando meu filhinho, enquanto as pessoas enxameavam ao nosso redor. Apertei a mão do meu outrora bem-sucedido esposo-pastor. Cada fibra do meu ser queria fugir do pátio daquela igreja de uma grande instituição.
Pouco depois de ingressar no ministério, através de uma série de mudanças políticas que não entendíamos e sobre as quais não tínhamos controle, vimo-nos desempregados, morando com meus pais numa cidade grande, intrigados, orando e perguntando a Deus o que fazer. E agora, numa cidade diferente, ali estávamos, num templo. Tínhamos ido para adorar, sabendo, instintivamente, que precisávamos fazer parte de uma comunidade de fé, mas com receio de tentar. Agora ali estávamos, sozinhos.
Então, do meio da multidão de milhares de pessoas, ela apareceu, elegante, bem vestida, sorridente, com as filhinhas logo atrás. Estendeu a mão: “Bom-dia”, disse ela, cordialmente. “Meu nome é Elizabeth. Vi vocês na Escola Sabatina. Estou contente com sua presença aqui.” Apertei a mão estendida. No calor daquela mão, no gesto de amizade, de bondade singela de uma irmã, senti Seu toque, Sua graça, Seu interesse.
Os sábados se sucederam. A incerteza de nosso ministério e das finanças nos testou a fé durante aquele longo verão. Elizabeth estava lá, cada sábado, sorridente, carinhosa, convidando-nos para a sua casa, mas não bisbilhotando.
Cada semana, em outros pátios, outros saguões, ali se encontram – jovens mães recentemente divorciadas e retornando para a igreja; outros ainda com a roupa cheirando a cigarro; pais que vêm sozinhos, com os filhos assustados e se escondendo. Idosos, entrando com dificuldade no santuário. Eu os noto, sozinhos. Será que devo parar, sair do meio do meu grupo e estender-lhes a mão? A lembrança do sorriso de Elizabeth reaparece em minha mente. Quem sabe por que vieram? Poderiam as minhas palavras e o meu toque ser a única atenção dirigida a eles hoje? Então eu paro, estendo a mão – na verdade, a mão dEle – e Sua graça flui e os alcança.
(Cinda Lea Sitler).
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