Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.( Salmo 121:1, 2).
O voo tinha sido longo. Agora estávamos pousando no pequeno e enclausurado reino do Nepal, terra da montanha mais alta do mundo.
De dentro do veículo que nos levava para a casa que seria nosso lar durante os anos seguintes, examinei o cenário. Como eu não queria correr o risco de ser chamada de americana antipática, cheguei bem perto do meu esposo e lhe disse em voz baixa: “Não vou gostar deste lugar. Olhe! As vacas estão no meio da rua. Os macacos comem nas calçadas, sem ligar a mínima para as pessoas.” Ele apenas sorriu e cochichou ao meu ouvido: “É só esperar. Dê tempo ao tempo.”
Chegando à casa, fui investigar cada cômodo. Os quartos de dormir ficavam no piso térreo, enquanto a sala, a cozinha e a sala de jantar ficavam no andar de cima. “Eu lhe disse que não ia gostar deste lugar”, anunciei. “Esta casa está de ponta cabeça! Quem já ouviu falar de uma casa com os quartos na parte de baixo?” Então, saí para a varanda diante da sala de jantar e ali, diante dos meus olhos, estava o incrível e majestoso Monte Everest, com seus picos nevados, apresentando-se como um monumento no tempo. Fiquei sem fala! De repente, vi as coisas sob uma nova perspectiva. Creio que Deus estava pedindo que eu acolhesse as diferenças.
Dentro de pouco tempo, começamos a fazer caminhadas junto com outras pessoas, ao redor de Katmandu. Eu nem podia acreditar na beleza dos montes e verdes vales, cheios de campos amarelos de mostarda. Meninas carregando jarros de água e homens idosos sentados nas varandas, fumando longos charutos, apresentavam uma rica tapeçaria que constitui o encanto da paleta de canetas ou pincéis. A beleza e a diversidade daquelas pessoas gentis permanecerão comigo para sempre.
Todos os dias, eu calçava meus tênis e andava pelas ruas irregulares. Mesmo então, eu espiava diariamente a montanha mais alta do mundo. A montanha tinha sua própria linguagem. Falava a língua da força, da resistência e da existência atemporal. Então, chegou a manhã em que não pude ver a montanha, ao elevar os olhos para os “montes”. Nuvens e nevoeiro a cobriam, mas eu sabia que ela estava lá. À semelhança do Monte Everest, Deus está sempre lá, embora eu não consiga vê-Lo. Ele prometeu que nunca nos deixaria nem nos abandonaria, e Ele cumprirá Sua promessa.
(Gustavia Raymond-Smith).
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