Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes. (Mateus 25:40).
Era uma região muito antiga da cidade. Lembro-me daquele dia, há tanto tempo, quando eu era uma criança de uns cinco anos de idade. Meus pais me levaram àquela parte da cidade porque ali morava o pai da minha mãe. Ao entrarmos no prédio desbotado, vi vários homens deitados sobre catres, com o que parecia longos tubos de uns 30 cm nas mãos. Eu nunca antes havia visto algo parecido. Olhando mais de perto, vi que os homens sopravam numa extremidade do tubo e a água dentro do tubo borbulhava. Mais tarde, fiquei sabendo que aquilo era um narguilé, um aparato para fumar, no qual a fumaça é aspirada através de um recipiente de água, e resfriada antes de alcançar a boca. Essa era uma forma de relaxamento para o vovô, que sempre se sentiu sozinho depois que vovó foi para a China e ele nunca mais ouviu falar dela, depois que a China foi invadida pelo Japão. Como não havia cadeiras, meus pais e eu simplesmente ficamos por ali enquanto eles conversavam com o vovô, que só falava chinês. Logo fiquei cansada de estar em pé e minha mãe me deu uma laranja, dizendo que eu podia ir para a calçada do lado de fora e comer a fruta. Não havia ninguém por perto enquanto eu descascava a laranja, e como não vi latas de lixo, simplesmente joguei as cascas na calçada. Porém, saindo não sei de onde, apareceu uma criança de rua, suja e desalinhada, com roupas que certamente precisavam ser lavadas. Para meu espanto, essa pessoa – que parecia uma menina – pegou rapidamente as cascas da laranja e começou a devorá-las. Fiquei olhando, atônita, pois nunca tinha visto alguém comer cascas de laranja, e sabia que tinham gosto amargo. A menina comeu tudo e, quando terminou, sumiu rapidamente. A caminho de casa, contei à minha mãe o que tinha visto e ela disse: “Sim, existem pessoas tão pobres que comem qualquer coisa.” A mídia, hoje, apresenta cenas trágicas de crianças morrendo de fome, com o estômago distendido e até moscas andando pelo rosto delas. Fico feliz pela oportunidade de dar dos meus recursos para ajudar não só os famintos, mas os enfermos e solitários como meu velho avô. Jesus nos disse, em Sua Palavra, que aquilo que fazemos para ajudar os outros é como se fosse feito para Ele. Aileen L. Young
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