quinta-feira, 4 de maio de 2017

"Minha irmãzinha!"

Refrigera-me a alma. (Salmo 23:3, ARA).




Ter dois irmãos mais velhos era ótimo, mas, por volta dos 8 anos de idade, lembro-me de ter desejado que mamãe tivesse um bebê. Eu me encantava com bebês. Eles eram fofinhos e engraçados. Nossos vizinhos eram pais de um bebê chamado Dougie. Tinha que me contentar em dar colo para os bebês dos outros e brincar com as minhas bonecas.
Vários anos mais tarde, minha mãe me chamou ao seu quarto para me contar que estava grávida. Fiquei eufórica. Eu seria a irmã mais velha de uma bonequinha viva!
Eu tinha quase 12 anos quando a pequena Lynette Marie nasceu. Pouco tempo depois, ela chegou à nossa casa para passar sua primeira noite com a família. Com o bebê deitado no carrinho, lembro-me de ter segurado a mamadeira para ela. Mamãe estava trocando a fralda quando, repentinamente, segurou-a e gritou: “Comece a orar!” Observei que mamãe tentava ressuscitar Lynette Marie, que não respirava mais.
Os dias e as semanas seguintes viraram simplesmente um borrão na minha memória. Antes que a saga terminasse, declararam que minha irmãzinha ficaria grandemente incapacitada. Os médicos insistiram para que meus pais a colocassem em um lar do Estado. Meu coração se partiu. Supliquei e implorei aos meus pais que a mantivessem conosco, em casa, prometendo que eu cuidaria dela. A tristeza me encheu o coração, enquanto minha mente juvenil travava uma luta com orações aparentemente não atendidas e uma cerimônia de unção que não produziu um milagre.
O que fazemos na vida quando enfrentamos desvios dos nossos sonhos – quando eles se tornam pesadelos? E Deus? Ele Se importa? De algum modo, minha família foi em frente, embora a tristeza morasse junto conosco, e a dor e o sofrimento continuassem através dos anos.
Agora, muitos anos mais tarde, minha irmã, com quase 50 anos de idade, mora em um ambiente do tipo familiar, com cuidadores 24 horas, na mesma cidade de Massachusetts onde ela nasceu. Junto com meu idoso pai, tenho a guarda compartilhada de Lynette. Amo minha irmã. Sobre minha escrivaninha, existe uma foto em preto e branco em que estou sentada numa cadeira, segurando minha doce irmãzinha.
Medito sobre essa jornada de montanha-russa – os altos da alegre expectativa e os baixos do desapontamento – lembrando-me do meu coração partido ao entender que minha pequena irmã ficaria em casa por apenas seis meses. Embora eu ainda não entenda por que as coisas aconteceram da maneira como aconteceram, permaneço em terreno firme hoje porque seguro a mão de Deus. Vivo com o Seu júbilo, porque confio que, algum dia, terei minhas perguntas respondidas e explicadas por meu bondoso Pai celestial. O mesmo acontecerá com você.
(Valerie Hamel Morikone).

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