E disse a Jesus: Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no Teu reino. Lucas 23:42, ARC
Os leilões norte-americanos são, no mínimo, um espetáculo. Digo isso porque nunca vi um no Brasil. Estive, contudo, em um deles em Michigan, a convite de um amigo, vendedor de carros usados. A cantilena na voz do leiloeiro é algo de impressionar. Além de estar atento às mudanças do preço, você precisa ficar absolutamente imóvel, fui advertido. Um leve sinal com a mão, coçar a cabeça, uma sutil contração da face, imperceptíveis a olhos ignorantes, ao olhar aguçado do leiloeiro podem significar uma oferta ou a aceitação da proposta, que o levará a proclamar a aquisição: "Vendido." Seria Deus assim?
As Escrituras apresentam quadros de pessoas alcançadas pela graça em condições absolutamente estarrecedoras. Observe o homem na cruz da direita. Quase nada sabemos sobre "Dimas", o "bom ladrão", assim chamado pela tradição. Seu mundo está se desfazendo, e ele afundando na penumbra de um horizonte sombrio. A última linha está sendo tragicamente escrita. Os ponteiros do relógio avançam para o instante final. Então acontece! É apenas um relance da visão periférica. Singularmente ele percebe Jesus, companheiro da mesma cena. Suas palavras são quase um sopro, uma respiração ofegante: "Jesus, lembra-Te de mim." E só uma frase de aceitação no universo de todas as outras escolhas erróneas. Mas nela se concentra a atenção dAquele cujo maior negócio é encontrar sinais de interesse, mesmo os mais tímidos. Nada Lhe passa despercebido. Nesse instante, o Calvário se converte num tanque batismal. "Oferta aceita", brada o "divino Leiloeiro". Apenas um olhar transversal. Apenas uma curta frase. Curtíssima no aramaico. Quase inaudível. Mas suficiente para a proclamação de que a "transação está consumada".
Você se ofende com a graça ou exulta e bate palmas eufóricas para ela? A graça de Deus é absurda para nós, acostumados com a noção de "justiça" vinda da jurisprudência humana. A graça de Deus é surpreendente. Quase podemos ver Jesus, ainda hoje, inclinado sobre enfermos, nos instantes finais, atento ao mínimo sinal de aceitação. Apenas um dedo levantado na direção do Céu, um olhar para Ele. Podemos quase ouvir Sua proclamação, como diz meu amigo Dwight Nelson: "Vendido para Meu filho, nessa cama de hospital." (Amin Rodor).
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